O programa “Paraíba que Acolhe”, que prevê ações de proteção social e concessão de auxílio financeiro no valor de R$ 500 mensais para crianças e adolescentes de família de baixa renda que ficaram órfãos devido à morte de pais ou responsáveis legais em decorrência da Covid-19 – o benefício será pago até as crianças completarem a maior idade – tem feito a diferença e ajudado a diminuir a dor de muitas famílias no Estado.
Uma das primeiras famílias beneficiadas foi a da auxiliar de serviços gerais aposentada Cleonice Marques Coutinho (55), residente na cidade de Alagoa Grande, mãe de Clarice Marques Coutinho (33), falecida em fevereiro de 2021, vítima de Covid-19, deixando órfãs as crianças Caio Felipe (8) e Samilly Vitória (3).
Dona Cleonice conta que a filha residia com ela e os filhos, cuja renda familiar era de um salário mínimo, proveniente de sua aposentadoria. Tinham vindo a João Pessoa e certo dia ligou informando que havia contraído a Covid. A mãe disse que a filha viesse para casa, e segundo ela, a filha já não transmitia o vírus. Porém apresentou um agravamento no quadro e, grávida de oito meses, Clarice foi hospitalizada no Hospital Dom Pedro I, e após 16 dias veio a óbito.
“Dou Graças a Deus por essa lei do Paraíba que Acolhe, foi uma benção, e chegou na hora mais certa. Agradeço ao governador João Azevêdo. Sou sozinha e Deus, recebo apenas um salário mínimo para pagar tudo água, luz e botijão de gás. Além de fraldas para minha neta”, declara emocionada.
O programa também tem feito uma grande diferença na vida de dona Valmira Santana Duarte. Ela não sonhava em ser mãe, mas, de repente, com a perda da irmã pela Covid-19, passou a criar os quatro sobrinhos. Lucas Micael (13), Lisa Micaele (8), Brayan Micaias (2) e Emanuel Santana (1) perderam a mãe em março do ano passado.
Trabalhando como doméstica, Valmira precisou fazer acordo com os patrões e reduzir a jornada de trabalho de cinco para dois dias e assim poder cuidar das crianças, com o apoio da família. Ao tomar conhecimento do programa Paraíba que Acolhe, Ivanildo Santana, irmão de Valmira, procurou a Secretaria do Estado de Desenvolvimento Humano (Sedh) para formalizar a ajuda financeira. A partir de então, cada criança passou a receber R$ 500 e terá o auxílio garantido até atingir a maioridade civil.
“Esse benefício foi parte da solução de uma caminhada difícil e eu só tenho a agradecer. Ele traz segurança para eu não ter que estar pedindo as coisas”, desabafou a doméstica, lembrando que cuidar de quatro crianças não é nada fácil.
Paraíba que Acolhe – O programa é resultado de uma ação da Câmara Temática da Assistência Social do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste), que estabeleceu o programa ‘Nordeste Acolhe’ em todos os estados da região. Além do auxílio financeiro, as crianças e adolescentes têm acompanhamento do rendimento escolar e são inseridas nas redes socioassistencial e de saúde do estado.
O acesso ao benefício ocorre por meio do cadastro social realizado pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), que também estão responsáveis pelo acompanhamento das famílias ou rede social que acolheu as crianças e adolescentes órfãos em virtude da pandemia da Covid-19.
O benefício será pago até a maioridade civil crianças e adolescentes órfãos da Covid-19, assegurando o direito à garantia da vida, saúde, educação, lazer e acesso à alimentação. Somente na Paraíba, mais de 740 pessoas estão órfãs de pai e mãe e têm direito ao auxílio.