O Papa Francisco rezou a oração mariana do Regina Coeli, deste domingo, 23 de abril, com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice recordou que neste III Domingo de Páscoa, “o Evangelho narra o encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos de Emaús”.
“São dois discípulos que, resignados com a morte do Mestre, no dia de Páscoa decidem deixar Jerusalém e voltar para casa. Talvez estivessem um pouco inquietos porque ouviram as mulheres que vieram do Sepulcro. Enquanto caminham tristes conversando sobre o ocorrido, Jesus se une a eles, mas eles não o reconhecem”, sublinhou o Papa.
Jesus “pergunta por que estão tão tristes, e eles lhe dizem: «És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?»” O Senhor pergunta: “O quê? E eles lhe contam toda a história. Jesus lhes deixa contar a história. Enquanto caminham, os ajuda a reler os fatos de uma maneira diferente, à luz das profecias, da Palavra de Deus, de tudo o que foi anunciado ao povo de Israel. Reler: é o que Jesus faz com eles, ajuda a reler”, disse Francisco, detendo-se neste aspecto.
Com efeito, também para nós é importante reler a nossa história junto com Jesus: a história da nossa vida, de um determinado período, dos nossos dias, com as desilusões e esperanças. Por outro lado, também nós, como aqueles discípulos, diante do que nos acontece podemos nos encontrar perdidos diante dos eventos, sozinhos e incertos, com muitas perguntas, preocupações, desilusões e muitas coisas.
O Evangelho deste domingo “nos convida a contar tudo a Jesus, com sinceridade, sem medo de incomodá-lo, Ele escuta, sem medo de dizer coisas erradas, sem nos envergonharmos de nossa dificuldade para entender”. Segundo o Papa, “o Senhor fica feliz quando nos abrimos a Ele; só assim pode tomar-nos pela mão, acompanhar-nos e fazer arder novamente o nosso coração. Então também nós, como os discípulos de Emaús, somos chamados a passar um tempo com Ele para que, ao anoitecer, Ele permaneça conosco”.
A seguir, o Pontífice propôs uma bela maneira de fazer isso: “dedicar um tempo, todas as noites, a um breve exame de consciência“. Perguntar-se: “O que aconteceu hoje dentro de mim?”
Trata-se de reler o dia com Jesus: abrir-lhe o coração, levar-lhe as pessoas, as escolhas, os medos, as quedas e as esperanças; todas as coisas que aconteceram, para aprender gradualmente a olhar as coisas com outros olhos, com os seus olhos e não apenas com os nossos. Podemos assim reviver a experiência daqueles dois discípulos. Diante do amor de Cristo, até o que parece cansativo e malsucedido pode aparecer sob outra luz: uma cruz difícil de abraçar, a escolha do perdão diante de uma ofensa, uma vingança fracassada, o cansaço do trabalho, a sinceridade que custa, as provações da vida familiar poderão aparecer-nos sob uma luz nova, a luz do Crucificado Ressuscitado, que sabe fazer de cada queda um passo adiante.
“Mas para isso”, sublinhou Francisco, “é importante retirar as defesas: deixar tempo e espaço para Jesus, não lhe esconder nada, levar-lhe as misérias, deixar-se ferir pela sua verdade, deixar o coração vibrar ao sopro de sua Palavra”.
Podemos começar hoje, dedicando esta noite um momento de oração durante o qual nos perguntar: como foi o meu dia? Quais as alegrias, as tristezas, as coisas chatas? Como foi? O que aconteceu? Quais foram suas pérolas do dia, talvez escondidas, pelas quais agradecer? Houve um pouco de amor no que eu fiz? Quais são as quedas, as tristezas, as dúvidas e medos para levar a Jesus a fim de que Ele me abra novos caminhos, me levante e me encoraje?
“Que Maria, Virgem sábia, nos ajude a reconhecer Jesus que caminha conosco e a reler, a palavra é reler, diante Dele todos os dias de nossas vidas”, concluiu o Papa.