“Nesse momento de dor tão grande que a gente está passando, o que nos conforta é saber que ele vai poder viver no corpo de outras pessoas e dar vida a elas para que não passem o que a gente está passando. Mesmo no momento de dor, a gente tem que se colocar no lugar do próximo, e a gente sentou e decidiu que isso seria o melhor, até porque eu sou mãe de uma criança cardíaca e amanhã pode ser eu que esteja na fila de espera com meu filho”. O depoimento é da tia de um adolescente de 16 anos, que morreu vítima de um Trauma Crânio Encefálico (TCE), provocado por um acidente de moto. A família decidiu autorizar a doação dos órgãos, após a confirmação da morte encefálica do jovem.
O doador estava internado na UTI do Hospital de Trauma de Campina Grande desde o último dia 10 de julho. Com o ‘sim’ dado pelos familiares, foram doados o coração, o fígado, os rins e as córneas. Esse é o sétimo coração doado este ano na Paraíba e o segundo em um intervalo de menos de 30 dias.
O coração foi o primeiro órgão a ser transportado. Com a ajuda da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Corpo de Bombeiros ele foi levado de aeronave até o Hospital Metropolitano, na Grande João Pessoa, onde foi implantado em uma mulher de 29 anos, lhe oportunizando mais anos de vida.
Os demais órgãos foram levados por via terrestre até João Pessoa, onde aconteceram os outros transplantes. O fígado foi encaminhado para um homem de 69 anos, o rim direito ainda está em análise pela Central Nacional de Transplante e o rim esquerdo, para uma menina de 11 anos. As córneas foram levadas para o Banco de Olhos da Paraíba, onde serão avaliadas e posteriormente transplantadas.
Segundo a diretora da Central Estadual de Transplantes, Rafaela Dias, este ano, a Paraíba já realizou 136 transplantes, sendo 98 de córneas, seis de corações, 19 de rins, 11 de fígados e três de medula óssea. “Esse trabalho só é possível graças ao empenho de toda equipe multidisciplinar que respeita e acolhe a família em um momento de muita dor. Falar em doação de órgãos é dar continuidade à vida da pessoa que amamos, através desse jeito tão nobre e solidário. Trabalhamos diariamente com a esperança de devolver aos pacientes que estão em lista a possibilidade do recomeço de uma nova história. Nossa gratidão será eterna a todas as famílias doadoras, a nossa equipe vem desenvolvendo um trabalho digno de respeito e admiração, e com apoio da Secretaria Estadual de Saúde (SES), do Governo do Estado e da Central de Transplantes, estamos mudando para sempre a vida de muitos paraibanos”, informa Rafaela Dias.
