Chegou o mês mais esperado para quem é amante das festas juninas. E a capital paraibana está preparada para garantir uma programação recheada de grandes atrações aos que pretendem ficar na cidade ou visitá-la neste período. Artistas como Elba Ramalho, Waldonys, Tom Oliveira, Eliane, Mara Pavanelly, Magníficos e muitos outros trarão ainda mais alegria para os forrozeiros, completando uma festa que começou em maio no São João Multicultural de João Pessoa 2024.
A festa inclui um Circuito Junino para apresentação e Festival de Quadrilhas, polos em diversos bairros, Centro Histórico, Lagoa e Tambaú, com apresentação de trios de forró pé de serra e cordelistas. A programação especial de maio, montada pela Prefeitura de João Pessoa, por meio de sua Fundação Cultural (Funjope), foi encerrada nesta sexta-feira (31) com as apresentações do Trio Porta do Sol, na Rua Duque de Caxias – Polo Centro Histórico -, e as declamações das cordelistas Dalva Estrela da Poesia e Verônica Adelino, além do cordelista Manoel Belizário, no Busto de Tamandaré – Polo Tambaú.
E na despedida de maio foi o pequeno Luís Felipe, de apenas 7 anos, quem encantou o público que foi ao Largo de Tambaú. O garoto se apresentou junto com o pai Roberto Ferreira na Feira do Cordel. Autodidata, Luís Felipe cantou e tocou flauta pan emocionando os participantes.
O artista mirim conta que aprendeu sozinho a tocar e se emociona ao ver o público aplaudi-lo. “É muito emocionante ver esse público aplaudindo a gente. Eu aprendi a tocar sozinho e estou muito feliz em estar aqui”, falou.
Roberto Ferreira conta que o coração do pai sempre bate bem mais forte durante as apresentações, especialmente porque eles praticam a musicoterapia. É que Luís Felipe tem uma síndrome nefrótica e a música ajuda a enfrentar o desafio da doença. “Síndrome nefrótica é voltada para os rins, ele tem um problema e a gente está tratando e a música vem nos ajudando como uma terapia. Nós conhecemos o professor Marcus Alves, o Yam da Funjope, e essas pessoas foram vendo no Luís um talento com um olhar diferente de pai, porque a gente é suspeito para falar dos nossos filhos. E foram dando oportunidade para que a gente fizesse apresentações nas feiras, nos eventos particulares, nos saraus. A gente foi participando da cultura, já estamos inseridos na cultura nordestina e paraibana”, relatou.
Quem também se apresentou no Polo Tambaú foram os cordelistas Verônica Adelino, Dalva Estrela e Manoel Belizário. Os artistas celebraram o circuito junino que eleva a cultura popular. Verônica veio de São Miguel de Taipu somente para se apresentar e agradeceu a oportunidade de ver a cultura popular sendo valorizada em um evento do porte do São João Multicultural de João Pessoa.
“Abrir espaço para artistas populares como nós da Academia de Cordel é de grande importância para o fomento da cultura popular. E esses espaços, sendo abertos, a população só tem a ganhar. E a gente, enquanto artistas, a gente muito mais tem a ganhar com esses momentos em que a gente pode se apresentar e pode mostrar o nosso trabalho”, ressaltou.
A fala de Verônica está alinhada com a de Dalva Estrela, que veio de São José dos Ramos. “Eu espero, assim, que as futuras gerações sejam incentivadas. Que aconteçam mais eventos como esse, que é muito interessante, porque não devemos, não podemos deixar a cultura morrer. Para mim, a cultura é o que temos de mais importante, é o resgate, né? É o passado, o presente e o futuro. Presente está incluído e não podemos ter cultura sem o passado, porque se não fosse o passado, os artistas, os cordelistas de antigamente, que se não tivesse ficado na história, como é que iríamos saber do que aconteceu?”, lembrou.
Já Manoel Belizário lembra que a Paraíba é o berço da literatura de cordel e que é de extrema importância valorizar essa cultura. “Eu acho importante porque há muito que a gente vem falando sobre essa questão da valorização do cordel, da literatura do cordel, como elemento tão importante no Brasil. E a Paraíba é o berço. Acho que a iniciativa da prefeitura em apoiar é muito valorizável, digamos assim, diante de tanto que tem que ser feito ainda. Já é uma luz nessa perspectiva”, enfatizou.
E o público assistiu, aplaudiu e se emocionou. Maria Luiza veio de Recife comemorar o aniversário de 17 anos com a mãe Karla Honorato e o irmão Luca Honorato. Ela lembra de ter conhecido a literatura de cordel por meio dos avós. “Eu estou achando incrível. Eu achei uma iniciativa muito bonita de reforçar e incentivar a cultura popular daqui no Nordeste. E assim, eu fico emocionada porque eu cresci com o meu avô contando a história de cordel para mim. Minha avó também. E até, assim, para mim incentivou muito. Mas eu nunca tinha visto, assim, né, ao vivo um poeta recitando o que ele escreveu. Eu achei isso lindo, extremamente emocionante”.
O diretor executivo da Funjope, Marcus Alves, reforçou o empenho da Prefeitura de João Pessoa em valorizar toda essa cultura e os artistas. “O nosso projeto de São João é um projeto verdadeiramente multicultural, que a gente conseguiu integrar as culturas populares, os trios pé de serra, a literatura popular de cordel, bandas com shows no Parque Solon de Lucena e mais dez bairros. Conseguimos também estimular e realizar festejos juninos em oito bairros diferentes, de maneira que o nosso mês de maio foi muito intenso do ponto de vista da cultura junina. E isso é uma meta que nós tínhamos de valorizar, de estimular e principalmente ressignificar todo o nosso São João”, pontuou.
Polo Centro Histórico – E a festa não se resumiu a praia. Quem passou pela Rua Duque de Caxias também pode aproveitar a apresentação do trio Porta do Sol. Rogério Guedes e a esposa Nice da Costa vieram de Cabedelo para aproveitar a apresentação do forró autêntico nordestino e não se acanharam, dançaram à vontade. “É muita animação. Nós viemos sexta-feira passada e agora de novo, porque é muito bom uma festa assim que todo mundo pode participar, aberto ao público e a gente vem também no São João para os shows na Lagoa”, afirmou ela.