A Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) realizou, nesta sexta-feira (12), uma Sessão Especial dedicada a reconhecer, valorizar e celebrar o talento, a resistência e a contribuição cultural das mulheres cordelistas paraibanas. A solenidade aconteceu no Plenário Deputado José Mariz e foi proposta pelo presidente da Casa Epitácio Pessoa, deputado Adriano Galdino.

A homenagem destacou o papel fundamental das mulheres na produção e renovação da literatura de cordel, uma das mais importantes expressões da cultura popular nordestina, responsável por preservar identidades, narrar histórias e fortalecer a memória coletiva do povo paraibano. Nos últimos anos, a presença feminina no cordel tem crescido de forma significativa, ampliando vozes, conquistando novos públicos e ressignificando essa tradição secular.
Para o presidente Adriano Galdino, reconhecer o trabalho das cordelistas é também fortalecer a identidade cultural do Estado. “A Assembleia Legislativa tem o compromisso de valorizar a cultura paraibana em todas as suas formas. As mulheres cordelistas são patrimônio vivo da nossa história, da nossa arte e da nossa memória”, afirmou.
A sessão foi presidida pelo deputado João Gonçalves, que ressaltou o papel do Legislativo estadual no reconhecimento daqueles que contribuem para o desenvolvimento social, econômico e, sobretudo, cultural da Paraíba. “A Assembleia cumpre seu papel ao valorizar quem preserva nossas raízes. Hoje, o presidente Adriano Galdino reúne o que há de mais representativo na cultura popular: as mulheres cordelistas. É uma honra presidir esta belíssima homenagem”, declarou.
A deputada Dra. Paula também destacou a importância do reconhecimento. “A literatura de cordel é algo belo, que atravessa séculos. Valorizar essas mulheres é reconhecer suas poesias, suas verdades e suas simplicidades, expressas em versos que retratam a vida e a cultura do nosso povo”, afirmou.
Representando o Coletivo Palmas, Claudete Gomes relembrou a trajetória histórica da literatura de cordel e enfatizou a presença feminina desde suas origens. Ela destacou a importância de Maria das Neves Baptista Pimentel, natural de João Pessoa, considerada a primeira mulher a publicar um folheto de cordel, em 1938. “Durante muito tempo, muitas mulheres escreviam, mas não assinavam seus versos. Maria das Neves abriu caminhos e se tornou a mãe do cordel, inspirando gerações”, ressaltou.
Segundo Claudete, homenagear as mulheres cordelistas é reconhecer um capítulo essencial da história cultural da Paraíba. “Hoje temos Maria das Neves Pimentel como referência histórica e tantas outras cordelistas importantes que seguem fortalecendo essa tradição no estado”, completou.
O presidente da Academia de Cordel do Vale do Paraíba, Merlanio Maia, enfatizou a importância da valorização da mulher nos diversos segmentos da sociedade, especialmente na literatura popular. “A mulher cordelista tem o dom da poesia. Com seus versos, embeleza a vida, os eventos e os espaços. Valorizar essas mulheres é reconhecer sua grandeza como artistas e como seres humanos”, afirmou.
A cordelista Maria Parahybana, integrante da Academia Brasileira de Estudos do Sertão Nordestino, celebrou com emoção a homenagem recebida. Para ela, o reconhecimento vai além do individual e representa a valorização de toda uma tradição cultural. “É uma honra imensa. O cordel é nosso patrimônio cultural e precisa ser reconhecido e elevado, assim como as mulheres que mantêm essa arte viva”, disse.
Em agradecimento, Maria Parahybana declamou versos que emocionaram o público presente:
“Nesse dia, esta Casa se agiganta
Em atitude certeira,
Elevando as cordelistas ao patamar de guerreira.
Em homenagem solene,
A gratidão é perene
Numa moção pioneira.”
Durante a solenidade, as cordelistas e poetisas homenageadas receberam certificados de Honra ao Mérito, em reconhecimento às suas contribuições para a literatura de cordel e para a preservação da memória, da identidade e da cultura nordestina.
A Sessão Especial contou ainda com a presença da defensora pública Monaliza Morais; da professora e produtora cultural Ione Severo, representando a Cordelteca Leandro Gomes de Barros, de Pombal; da ouvidora-geral da ALPB, Nilda Aguiar; além de cordelistas e representantes de movimentos culturais de diversas regiões do estado.