A Vice-Reitora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Profa. Liana Filgueira, visitou, nesta quarta e quinta-feira, dias 12 e 13, os municípios de Curral de Cima, Itapororoca, Alagoinha e Riachão do Poço, no estado da Paraíba, visando o desenvolvimento dos Planos de Segurança da Água desses municípios, em parceria com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Outros quatro municípios serão visitados nas próximas semanas.
Durante a visita às quatro cidades, a Vice-Reitora se reuniu com os prefeitos Antônio Ribeiro, de Curral de Cima, Elissandra Brito, de Itapororoca, e Maria Rodrigues, de Alagoinha, e com a chefe de gabinete da Prefeitura de Riachão do Poço, Mylena Dantas, além de secretários municipais em todas essas prefeituras.
A escolha dos municípios foi realizada por meio de critérios estabelecidos pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Entre esses requisitos, foram considerados os municípios que não são atendidos pela Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa).
A Profa. Liana Filgueira agradeceu a recepção dos gestores municipais e explicou o objetivo do Plano de Segurança da Água, revelando o compromisso da UFPB em disponibilizar uma equipe para visitar as cidades, conhecer a situação do sistema de abastecimento da água e realizar um diagnóstico. Profa. Liana Filgueira explicou que o foco do projeto é garantir a segurança da água, a sua qualidade para consumo humano. “Serão identificados os mananciais e serão feitos mapas de risco”, pontuou.
Segundo a Vice-Reitora, o projeto terá duração de 18 meses, sem custos para os municípios, pois a Funasa o financiará. O objetivo é avaliar a qualidade da água. A Profa. Liana explicou que, depois desse período, o Plano de Segurança de Água de cada município deve ser proposto, com mapa de risco e seguindo critérios definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para que a água que chega à população seja potável e de qualidade.
Os estudos envolverão a análise da água, dos solos, das bacias hidrográficas, além de averiguar se existem estações de tratamento e a situação em que se encontram. Em fevereiro, serão realizadas oficinas de capacitação nos municípios.
A Vice-Reitora destacou a extensão na UFPB, que busca ir além dos muros da Universidade para chegar à sociedade de forma mais efetiva, realizando soluções combinadas com empresas públicas e privadas, por exemplo, e buscando recursos junto a parlamentares.
A Profa. Liana Filgueira realizou visitas às reservas de água das quatro cidades. O município de Itapororoca, por exemplo, passa por dificuldades devido à ausência de um sistema de abastecimento único. Lá, a prefeita destacou a alegria por parte da gestão municipal em ver a UFPB disposta a desenvolver esse projeto, “porque é uma necessidade ter um melhor tratamento da água”, frisou a prefeita Elissandra Brito, que estava acompanhada pelo secretário do Meio Ambiente, Severino Nino, o secretário de Assistência Social, Marcos Mouraes, e o representante do Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável e da Agência de Gestão das Águas da Paraíba – AESA, Carlos Lima.
Já de acordo com os gestores locais de Curral de Cima, a cidade não possui reservatório público, a água do município é salobra e existe contaminação por agrotóxicos. De acordo com a Secretária de Finanças, Maria da Conceição Ribeiro, o abastecimento da cidade é precário e com elevados gastos mensais. A secretária afirmou que a população é abastecida por poços artesianos e barragens.
O prefeito de Curral de Cima, Antônio Ribeiro, agradeceu a presença da UFPB na cidade, afirmando que essa é uma oportunidade importante para o município. Antônio também ressaltou que Curral de Cima não teria condições financeiras de arcar com um projeto desse porte e expressou gratidão e alegria com a ação promovida pela Universidade.
“A situação do nosso município de Curral de Cima é uma das mais precárias do Brasil. A UFPB chegou em boa hora, tendo em vista a crise hídrica que enfrentamos. A água aqui não é tratada, então essa visita, com o projeto que vocês estão trazendo, talvez, seja o momento mais importante da história de nossa cidade”, disse o gestor.
Em Alagoinha, a prefeita Maria Rodrigues disse que há no município muitos poços artesianos, urbanos e rurais. De acordo com o secretário de Administração, José Félix de Brito, um dos mananciais que abastecem Alagoinha fica no município de Areia. Cerca de 20 mil pessoas são atendidas pelo sistema de abastecimento do município, que possui tratamento de água.
A chefe de gabinete de Riachão do Poço, Mylena Dantas, por sua vez, apontou a água como o grande problema do município e informou que há muita perfuração de poços artesianos. Segundo ela, a base da economia é a agricultura familiar, sendo que muitos agricultores acabam fazendo ligações clandestinas de água, havendo, com isso, prejuízo na distribuição. Conforme Mylena, o objetivo principal da atual prefeita é solucionar o problema da água no município. Desde agosto de 2021, a prefeitura está tentando melhorar a situação da água. O desejo da gestão municipal é criar uma adutora na cidade. São cerca de 2 mil pessoas atendidas no perímetro urbano e dois poços grandes que atendem a área urbana, mas esses poços estão secando e há ainda desvios ilegais na distribuição, além da preocupação com contaminação por agrotóxicos.
O que tem impressionado a equipe que está realizando as primeiras visitas aos municípios é a grande carência de água nesses locais. Segundo Liana, “nós não sabemos o que essas pessoas estão sofrendo, o que é, de fato, ficar sem água por dias, ter que beber às vezes água sem potabilidade por falta de conhecimento e infraestrutura. O problema é real e em uma dimensão fora da realidade de muitos”, comentou a Vice-Reitora. De acordo com Liana, é necessária uma ação pública urgente para solucionar essa questão e, dentro desse contexto, ela parabeniza a Funasa, em nome da diretora Débora Roberto, por ter procurado a UFPB para firmar uma parceria.
*Com informações da ASCOM-UFPB