O futuro da mobilidade urbana começou a sair do chão no Brasil. O protótipo do carro voador desenvolvido pela Eve Air Mobility, empresa controlada pela Embraer, realizou nesta sexta-feira (19) seu primeiro voo com sucesso, marcando um passo histórico para a aviação elétrica mundial. O teste ocorreu na planta industrial da fabricante em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo, que abriga a maior pista de aviação do hemisfério sul.

O voo inaugural deu início à fase oficial de testes em voo do eVTOL — sigla para veículos elétricos de pouso e decolagem vertical. Nesta etapa inicial, foram avaliados a integração dos oito propulsores, o gerenciamento de energia e os níveis de ruído, fatores essenciais para a operação segura em áreas urbanas.
Segundo a Eve, o desempenho do protótipo superou as expectativas técnicas, reforçando a confiança no projeto. A empresa planeja fabricar seis unidades de teste e realizar novos voos ao longo dos próximos meses, ampliando progressivamente o envelope operacional. A expectativa é avançar para voos totalmente livres a partir de 2026.
Os eVTOLs da Eve são produzidos em Taubaté (SP), em uma unidade industrial com capacidade para fabricar até 480 aeronaves por ano. Embora popularmente chamados de carros voadores, os veículos ainda dependem da certificação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para entrarem em operação comercial.
O modelo tem capacidade para cinco pessoas — quatro passageiros e um piloto — e autonomia estimada de 100 quilômetros, voltada a deslocamentos urbanos e conexões de curta distância. Mesmo antes da certificação, a Eve já acumula cerca de 3 mil encomendas, sinalizando forte interesse do mercado global.
A empresa projeta iniciar as entregas e operações comerciais em 2027. No longo prazo, a expectativa é ambiciosa: até 2045, a frota global de eVTOLs pode chegar a 30 mil unidades, transportando mais de 3 bilhões de passageiros.

O avanço do projeto conta com forte apoio institucional. No início de dezembro, a Eve recebeu um empréstimo de R$ 200 milhões do BNDES, destinado à integração dos motores elétricos e aos testes exigidos para certificação. A Embraer estima que o mercado de eVTOLs poderá movimentar US$ 280 bilhões em receitas até 2045, consolidando o Brasil como protagonista na nova revolução da aviação.