O disco de vinil voltou a girar com força no Brasil desde 2024 — e não apenas nas vitrolas, mas também no mercado fonográfico. Segundo dados da Pró-Música Brasil divulgados recentemente pelo g1, o formato respondeu sozinho por 76,4% das vendas de mídias físicas, movimentando R$ 16 milhões e consolidando um fenômeno que mistura nostalgia, estética e experiência sensorial.
A revista Superinteressante explica que o encanto do vinil está na própria forma como ele registra o som: sulcos que vibram sob a agulha e transformam essas oscilações em sinais elétricos. O resultado é um áudio analógico capaz de preservar nuances sonoras valorizadas por ouvintes que buscam profundidade e textura, algo difícil de reproduzir no digital.

A retomada atual ecoa uma trajetória histórica. Como lembra a Agência Brasil, o vinil surgiu em 1948, desenvolvido pela Deutsche Grammophon, e chegou ao país em 1951. Tornou-se referência da indústria musical brasileira a partir de 1964, até perder espaço para o CD nos anos 1990. Mesmo assim, nunca deixou de carregar um encanto próprio: girando a 33 ou 45 rotações por minuto, o simples ritual de posicionar a agulha no sulco cria uma relação quase afetiva entre música e ouvinte.
Produzido em PVC e moldado em ranhuras microscópicas, o LP exige precisão. Agulhas de diamante percorrem cada variação mínima de profundidade e largura. A fabricação envolve laca, matrizes metálicas e prensas industriais — etapas que ajudam a criar o som contínuo e orgânico que caracteriza o formato. É o áudio que se pode ver, tocar e sentir.
A redescoberta do vinil também passa por seu valor emocional. Lojistas ouvidos pelo g1 afirmam que muitos jovens têm buscado LPs pela experiência tátil, visual e pelo apelo artístico das capas. Para colecionadores, o material é durável e transforma a audição em um momento de pausa, contra o consumo rápido das plataformas digitais.
Essa viagem ao universo analógico pode ser vista também no programa Rolezinho Carioca, que acompanha encontros, histórias e descobertas em lojas especializadas do Rio de Janeiro — mostrando que o retorno do vinil é, acima de tudo, um movimento cultural.
À medida que novas gerações abraçam essa estética, o disco de vinil reafirma seu papel como ponte entre memória e futuro: uma volta à escuta lenta, ao cuidado com a música e ao prazer de ver a agulha encontrar o sulco certo.