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Estudo confirma: Saúde do cérebro é o novo motor da economia

A expressão “dividendos da longevidade” refere-se aos ganhos econômicos e sociais que surgem quando as pessoas vivem mais, com saúde e capacidade cognitiva. Mas, para colher esses dividendos, não basta apenas acrescentar anos à vida; é preciso acrescentar vida aos anos.

Um artigo recente da American Society of Aging destaca a importância de proteger a saúde cerebral para garantir resiliência, recuperação e longevidade. É nesse contexto que surge a “economia do cérebro”, na qual o poder cognitivo — incluindo criatividade, regulação emocional, adaptabilidade e saúde mental — se torna o principal motor da produtividade, da inovação e do crescimento econômico sustentável.

Governos, empresas e gestores precisam entender que investir na saúde cerebral é investir no futuro da economia. Nossa capacidade de trabalhar, aprender, cuidar e inovar depende diretamente de como os cérebros processam informações e se adaptam.

Desigualdades que impactam o cérebro

Dados recentes mostram que certas populações são desproporcionalmente afetadas por problemas cognitivos:

  • Cerca de 200 mil americanos vivem com demência precoce, diagnosticada antes dos 65 anos.
  • Aos 45 anos, uma em cada cinco mulheres tem risco de desenvolver demência; entre os homens, a proporção é uma em dez.
  • Mais de 50% das pessoas com Síndrome de Down desenvolverão demência com o envelhecimento.
  • Latinos e hispânicos têm 1,5 vez mais chance de desenvolver demência que brancos não hispânicos.
  • Afro-americanos enfrentam quase o dobro do risco de demência em comparação com brancos não hispânicos.
  • Idosos indígenas americanos e nativos do Alasca apresentam altos riscos relacionados à demência, mas têm acesso limitado a pesquisas e cuidados médicos.
  • Adultos LGBTQIA+ com 45 anos ou mais relatam maior declínio cognitivo subjetivo.

Essas desigualdades começam cedo e estão ligadas a fatores estruturais que afetam a neurobiologia: educação limitada, exposição a poluição e desastres ambientais, estresse econômico crônico e sistemas de saúde inacessíveis.

O peso econômico da demência

Em 2025, o custo da demência nos EUA deve chegar a US$ 781 bilhões (R$ 4,1 trilhões), incluindo US$ 52 bilhões pagos pelas famílias. No Brasil, estima-se que até 2050 entre 5,6 e 5,7 milhões de pessoas terão demência. Por trás desses números, há vidas humanas: cuidadores não remunerados — em sua maioria mulheres negras — deixam o mercado de trabalho e lutam sem apoio, comprometendo suas aposentadorias.

Assim como o século XX exigiu estradas, pontes e escolas públicas, o século XXI exige uma infraestrutura fundamentada na resiliência cognitiva e na equidade em saúde, para que possamos alcançar a plena realização do potencial humano.