Depois do retiro quaresmal, o Papa Francisco retomou suas atividades este sábado recebendo juízes e advogados para a inauguração do 93º Ano Judiciário do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano.
Para Francisco, trata-se de um momento crítico para a humanidade, cuja ideia do bem comum é colocada à dura prova. Por isso, iniciou suas reflexões propondo o tema da sinodalidade, que também interpela o âmbito judiciário. Neste campo, destacou o Papa, o exercício da escuta em todos os aspectos de um processo é fundamental para se chegar a uma sentença justa. Além disso, acrescentou o Santo Padre, nos processos penais, a justiça deve ser sempre conjugada com as instâncias da misericórdia que, em última análise, convidam à conversão e ao perdão.
O Pontífice falou da complexidade do sistema judiciário vaticano, que tem como primeira fonte normativa e primeiro critério de referência interpretativa o Direito Canônico, mas não só, dependendo dos problemas de caráter civil e penal. Portanto, cabe aos magistrados um amplo leque de trabalho destinado a aumentar, tendo em vista as reformas empreendidas sobretudo em âmbito econômico e financeiro.
Reformas que pretendem corresponder, de um lado, aos parâmetros desenvolvidos pela comunidade internacional e, de outro, à exigência própria e principal da Igreja de adequar todas as suas estruturas a um estilo sempre mais evangélico.
Entre as atualizações, o Papa citou o processo para conter as despesas, que se tornou ainda mais urgente diante das dificuldades provocadas pela pandemia. Citou ainda o favorecimento da transparência na gestão da finança pública, que numa realidade como aquela eclesial, deve ser “exemplar e irrepreensível”, destacou Francisco, sobretudo por parte dos sujeitos que exercem papéis importantes de responsabilidade.
A propósito, o Pontífice recordou que no decorrer do último ano foram concluídos complexos processos judiciários relativos a crimes em âmbito financeiro, ou seja, crimes contra os bons costumes. Esses processos fizeram emergir seja comportamentos delituosos, pontualmente sancionados, seja condutas inapropriadas que solicitaram a intervenção da autoridade eclesiástica competente.
Nesta ótica, concluiu o Papa, a justiça proposta por Jesus Cristo não é um conjunto de regras a aplicar com perícia técnica, mas uma disposição de vida que guia quem tem responsabilidade e que exige, antes de tudo, um compromisso de conversão pessoal. Para Francisco, é preciso conjugar a correta aplicação da lei com a misericórdia, que não é a suspensão da justiça, mas a sua plena realização.