Era o ano de 1987.
Eu era foca, ainda estudante de Jornalismo da antiga Furne, quase UEPB, mas já trabalhava, desde 86, na romântica e movimentada redação do Jornal da Paraíba, na 4 de outubro, como repórter plantonista, das 16h até o fechamento do impresso, que na maioria dos dias entrava pela madrugada.
A editora era a idônea Lourdinha Dantas, com quem aprendi, e muito, os incipientes e pragmáticos ensinamentos sobre jornalismo.
Uma certa noite de um certo dia da semana, chega na redação o então festejado cronista social Josildo Alburquerque com o seu característico “frisson” e comunica para a editora: “O Rei Pelé se encontra em Campina e vai pernoitar na casa de seu Zé Carlos e dona Vigínia”.
Da minha máquina de escrever, Olivetti, distante uns 5 metros da sala da editoria geral, escutei o comunicado e, naturalmente, um misto de curiosidade e alegria invadiu o meu coração. Afinal, Pelé, foi o grande referencial do esporte da gurizada do meu tempo, encontrava-se na minha cidade. Era como um sonho que se fazia real. Quase que inacreditável!
Minutos após a informação passada pelo bem informado Jô, Lourdinha transmitia, naquele início de noite, para o pequeno número de funcionários – repórteres e diagramadores, que ainda estava na redação a BOA NOTÍCIA, que seria a manchete do Jornal da Paraíba do dia seguinte.
Quando os demais repórteres entregaram suas páginas “fechadas”, por voltas das 20h, ficamos apenas eu a editoria, o repórter fotográfico, Nilton; e o diagramador, Veloso, na mesma sala. Foi quando me foi dada a impensáveL e dura missão:
-Vanildo, prepare a pauta para entrevistar Pelé!
Estupefato! Fiquei imobilizado na cadeira, de olhos fixos na editora, com a vontade imensa de dizer: “Manda outro repórter, eu não tenho ainda credenciais para entrevistar o Rei Pelé. Contive-me. Tentei domar o nervosismo e fui produzir a pauta.
Mais ou menos uma hora depois, a editora me chama à sua sala e diz: “A entrevista será feita por Cartaxo(Tarciso).
Tarciso Cartaxo, era jornalista político experiente e competente, conhecido e admirado profissionalmente em toda Paraíba, com mais de 30 anos de labuta(já naquele tempo) e desfrutava da amizade pessoal do dono do jornal, José Carlos da Silva Júnior, onde Edson Arantes do Nascimento iria passar aquela memorável noite.
Confesso, que naquele instante, respirei aliviado, UFA! Contudo, se fosse anos depois, teria “brigado” para cumprir essa super pauta que o destino quis que eu não a fizesse.
Foi esse o dia que o “Atleta do Século’ esteve em Campina Grande. Esteve perto do menino que também um dia sonhou em jogar futebol. Vestir a camisa 10 de algum time profissional.
No outro dia, além da notícia de capa do Jornal da Paraíba e a entrevista feita por Cartaxo, li avidamente as notas e me deliciei com as fotos publicadas na coluna do Jô.
Não arquivei nada dessa histórica publicação, mas na minha memória esse belo recorte da minha vida profissional, ficou muito bem guardado.
Além de exímio atleta, Pelé, foi exemplo de dignidade para muitas gerações. Desenvolveu com PRUDÊNCIA e SABEDORIA o TALENTO que o SENHOR(DEUS) lhe confiou.
Por: Vanildo Silva
Jornalista, editor do Boa Notícia PB