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TCC de idosa de 70 anos viraliza com a mensagem: “Nunca é tarde para aprender, criar, sonhar e renascer”

A apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da estudante Maria de Fátima, de 70 anos, tem encantado a internet e inspirado milhares de pessoas. A recém-graduada pela Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT) mostrou, com sensibilidade e firmeza, que o aprendizado floresce em qualquer idade — e que recomeçar é um ato de profunda liberdade.

Sua aprovação marca o desfecho de uma trajetória construída na coragem e no desejo de reconstruir a própria vida. Transformando memórias em conhecimento, Maria de Fátima abriu novos caminhos acadêmicos, pessoais e afetivos, provando que nunca é tarde para conquistar o que sempre pareceu distante.

No início da Licenciatura em Educação do Campo – Artes, o medo quase a fez desistir. Comentários desanimadores sobre sua idade tentaram abalar sua confiança. Mas a força dos colegas e o apoio caloroso dos professores — com destaque para sua orientadora, Iara Rodrigues da Silva — sustentaram sua permanência. Em cada incentivo, ela sentia a afirmação de que a universidade também é lugar para quem decide recomeçar aos 40, 50, 70 anos ou mais.

Seu TCC revisita uma vida inteira: a infância como quebradeira de coco babaçu, o trabalho árduo na juventude e o retorno tardio à escola. Ao falar da própria jornada, lembra com emoção do dia em que uma professora da EJA lhe disse que ainda havia tempo para aprender — frase que abriu um capítulo que ela jamais imaginou escrever.

A produção acadêmica só ganhou forma graças à solidariedade do colega Vinícius Macedo, que digitou o trabalho, já que Maria de Fátima ainda tem pouca familiaridade com computadores. O gesto representa a essência da comunidade universitária: ninguém caminha sozinho. E foi essa rede de apoio que transformou sua história em uma pesquisa rica, viva e socialmente relevante.

Na apresentação do TCC, Maria de Fátima preparou um cenário simples, mas extremamente simbólico: objetos da roça, a roupa tradicional de quebradeira de coco e, nas mãos, um saxofone comprado no Paraguai — instrumento que representa os sonhos que ela ainda deseja realizar. A mistura entre passado, presente e futuro emocionou a banca e ampliou a força de sua narrativa.

Sua trajetória mostra que a educação, em qualquer etapa da vida, fortalece a autoestima, abre horizontes e cria possibilidades antes invisíveis. Pesquisas sobre aprendizagem ao longo da vida reforçam que continuar estudando favorece autonomia emocional, social e intelectual — e Maria de Fátima é prova viva dessa potência transformadora.

Ao final, sua apresentação não apenas conclui um curso: reafirma que nunca é tarde para aprender, criar, sonhar e renascer. A “universitária de 70 anos” agora inspira o país a acreditar no poder dos recomeços.